imagem: wikimedia common
Por Ciléia Pontes*
É Dia Internacional da Mulher. Data que remete a luta, enfrentamento, coragem e – por não? – a dedicar homenagens para todas as mulheres que estão por aí contribuindo para que todos tenham um mundo melhor. Difícil não cair nos clichês que este dia impõe, mas é fato que as mulheres estão, cada vez mais, vencendo desafios e liderando importantes iniciativas em todos os setores e, especialmente, no enfrentamento da injustiça social e na preservação do meio ambiente.
Veja a seguir três iniciativas socioambientais idealizados por mulheres para se inspirar neste e em todos os dias do ano e que, de quebra, podem ser copiadas em outros lugares Brasil afora.
1 – Projeto Vegânica
A paulista Stela Silva estava super bem em cargos de destaque do mundo corporativo, mas resolveu deixar tudo para trás para seguir um desejo do coração. Vegana e com o sonho de levar os princípios do veganismo para mais pessoas, ela decidiu empreender no mercado de orgânicos e de alimentos produzidos sem ingredientes de origem animal.
Há quase três anos, ela abriu uma loja na zona oeste da capital paulista e o empreendimento ia super bem, mas ela ainda não estava totalmente satisfeita. Por isso, convidou outras mulheres – Silvia Sakuma e Ilza Carla Lima – para tornarem-se suas sócias e, juntas, recentemente fundaram o Instituto Vegânica. A ideia delas é abrir um espaço integrado, estilo mercadão, baseado na economia solidária, para oferta de alimentos orgânicos e veganos a preços mais acessíveis.
Além disso, no Projeto Vegânica, Stela e suas sócias querem disponibilizar espaços colaborativos para formação de microempreendedores (em especial, mulheres), para eventos culturais, recreação e lazer para crianças, além de brechó, sebo, mercearia e – ufa! – escritórios compartilhados. De forma transparente, os clientes terão acesso ao valor de custo dos produtos e à prestação de contas do caixa do lugar.
Stela Silva entre as sócias Silvia Sakuma (esq) e Ilza Carla Lima. Abaixo, Stela com a atriz Selma Egrei, uma das apoiadoras do Projeto Vegânica/Divulgação.
Para tirar o projeto do papel, elas estão realizando várias iniciativas para arrecadação de recursos. Entre as opções está uma proposta de financiamento coletivo, em trocam apoio financeiro por recompensas pra lá de interessantes. É a oportunidade para quem acredita em colaboração ajudar a financiar projeto sem fins lucrativos. Para conferir a proposta, basta acessar aqui.
2 – Armário Coletivo
Ao se deparar com um dilema para compartilhar um par de tênis, a artista plástica Carina Zagonel, de Florianópolis, não imaginou que transformaria um simples gesto em um projeto de consumo consciente exemplar desenvolvido na capital catarinense. Ao perceber que o tênis não mais usado pelo filho poderia servir para outra pessoa, ela decidiu deixá-lo na esquina da rua onde ela mora, com a placa “deixe aqui o que não quer mais, mas que pode servir a outros”.
A partir de então, ela percebeu que outros objetos foram sendo deixados e por isso resolveu – com a ajuda do marido artesão, Albano Bernades, construir um armário para abrigar as doações. Hoje já são 12 armários coletivos como aquele, distribuídos por diversos locais de Florianopólis. Nesses locais, também chamados de pontos de compartilhamento, as pessoas podem deixar ou pegar objetos como roupas, calçados, acessórios, livros ou o que acharem que pode servir para outras pessoas.
À esquerda, de branco, Carina Zagonel, a idealizadora do projeto Armário Coletivo. À direita, um dos armários existentes em Florianópolis/Imagens do Facebook do projeto.
Importante frisar que o uso dos armários pode ser feito por qualquer pessoa, independente do nível social. A ideia é fomentar a economia compartilhada, da colaboração, da troca. Os armários coletivos idealizados por Carina mostram que é possível consumir de forma consciente, repensar o descarte e, mais, valorizar o contato entre as pessoas, especialmente as que estão mais perto, que moram no mesmo bairro.
Recentemente, Carina surpreendeu novamente ao lançar a proposta de um armário dedicado aos animais de estimação. Nesse modelo, quando implantado, os tutores poderão compartilhar acessórios e até ração que não usam mais com outras pessoas que também curtem animais. É só amor! Para quem quiser conhecer melhor a iniciativa, basta a acessar a página do projeto no Facebook, ou seguir o projeto no Instagram, no perfil @armariocoletivofloripa. Carina costuma dar orientações e informações para quem desejar levar a ideia para sua cidade. Fica a dica!
3 – Moralar – Arquitetura Social
A arquiteta Fernanda Adiers, gaúcha residente em Joinville (SC), poderia estar tranquila trabalhando em um escritório prestigiado, liderando projetos arquitetônicos com incontestável retorno financeiro, mas decidiu investir força e disposição – além de dinheiro próprio – em um projeto bem diferente do rumo seguido por seus colegas de faculdade.
Inquieta e inconformada com as desigualdades sociais que estão aí para todo mundo ver, ela preferiu usar os conhecimentos em arquitetura para ajudar a promover moradias de qualidade para famílias de baixa renda. Na metade de 2017, ela fundou a startup Moralar – Arquitetura Social, empresa que oferece serviços de arquitetura e assessoria em projetos de construção e reforma para famílias que ganham até três salários mínimos.
A Moralar também atua em projetos de construção e reforma de espaços coletivos – como escolas e centros de convivência – em comunidades carentes. E para ajudar a baixar os custos das obras e evitar desperdícios (um problema que sempre incomodou a arquiteta), a empresa reaproveita materiais de construção que sobraram de outras obras e que estão em bom estado de uso.
A arquiteta Fernanda Adiers (esq.) prova que é possível promover moradias de qualidade para pessoas de baixa renda. Ao lado, exemplo de sobras de piso usadas para revestir uma parede/Divulgação.
Ciente de que muitos materiais de construção sem uso acabam perdidos em depósitos, garagens ou são destinados, em bom estado, ao lixo, a empresa de Fernanda lançou uma campanha de arrecadação de insumos da construção civil. Todo material que a Moralar arrecada, é usado para baratear obras de clientes que nem sempre podem pagar por todas as etapas de construção ou reforma.
Foi assim que as peças de cerâmica que sobraram do piso de uma cliente – e que não seriam mais utilizadas por ela – acabaram decorando a parede da cozinha de outra cliente, que conseguiu diminuir os custos com materiais durante a construção de sua casa.
Outras iniciativas socioambientais idealizadas por mulheres
Listamos apenas três exemplos, mas existem muitas outras iniciativas socioambientais idealizadas por mulheres Brasil afora. Mesmo não conseguindo citar neste texto todos os projetos inspiradores, de iniciativa feminina, existentes por aí, deixo abaixo mais algumas referências de impacto que todo mundo precisa conhecer. Confira:
Sabe de mais iniciativas socioambientais idealizadas por mulheres e que todo mundo precisar conhecer? Por favor, compartilhe conosco nos comentários!
*jornalista.
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